sexta-feira, 20 de junho de 2008

Uma bebida das arábias

Ivoneth Merlin

A
história da cachaça vem de longe, data o início da era cristã e sua origem é grega. Foi lá que nasceu a acqua ardens – água ardente ou a água que pega fogo. Mas foram os árabes que criaram os equipamentos de destilação, semelhantes ao processo utilizado atualmente.

No Brasil, do século XVI ao XVII, a cachaça se tornou moeda corrente na compra de escravos na África. Derrubou a comercialização da bagaceira portuguesa e os impostos taxados sobre ela, pela Corte, fez da “caninha” um dos gêneros que mais contribuíram em impostos para a reconstrução de Lisboa, abatida por um grande terremoto, em 1755.

Com a república, a cachaça perdeu seu prestígio e criou-se um grande preconceito ao seu consumo. Mas essa longa história não ficou por aí. A produção da bebida aumentou em larga escala, a qualidade alcançada fez algumas cachaças se equipararem com o preço de whisky escocês. Virou produto de exportação e de grande aceitação internacional. Ingrediente da famosa caipirinha ganhou adeptos de várias partes do mundo e, na carona dessa trajetória de sucesso, restaurantes sofisticados usando o nome de “boteco”, se expandiram nas regiões nobres do Rio e do Brasil.

Em 1985, nasceu no bairro do Leblon a primeira Academia da Cachaça. Uma iniciativa de três amigos apreciadores da “água que pega fogo”. Cansados de serem repreendidos por parentes e amigos, resolveram dar à bebida, um glamour. E conseguiram. Tempos depois, a casa é referência no ramo, reconhecida nacional e internacionalmente por jornais como o Lê Monde, New York Times e The Sunday Times.

O gerente Gilson Cardoso, lembra que tudo começou muito simplesmente.

- Primeiro foi aberto uma espécie de distribuidora de cachaça, em garrafa fechada. Não havia mesas, nem cadeiras. As pessoas vinham comprar o produto, pois sabiam que tínhamos grande variedade de marcas. Depois os amigos foram chegando e querendo consumir aqui mesmo. Assim nasceu o bar que virou a Academia da Cachaça.

O Brasil dispõe de muitos museus da cachaça e bares especializados. E os que não são, nem se arriscam a deixar de fora a famosa bebida, que junta ao limão e ao açúcar, forma uma parceria de sucesso. E que sucesso!

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